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alambique

Proseguimos com o Dicionário do Diabo:

B
Baco: Deidade muito conveniente inventada polos nossos antepassados como escusa para se embebedarem.
Barómetro: Engenhoso instrumento que indica o tempo que estamos a ter.
Barba: Porção de cabelo que costumam cortar os que justamente execram o absurdo costume chinês de barbear a cabeça.

C
Calamidade: facto recordativo frequente e inequívoco de que os assuntos da vida não dependem de nós. Há dous tipos de calamidades: infortúnio para nós próprios e fortuna para os outros.
Carteaiano: Relativo a Descartes, famoso filósofo, autor da celebrada máxima “cogito ergo sum” com a que ele supunha ter demonstrado a realidade da existência humana. A máxima poderia ser melhorada deste modo: “cogito cogito ergo cogito sum” o qual quer dizer “penso que penso , polo tanto penso que sou”; aproximação tão próxima da certeza nunca antes fora feita por filósofo nenhum.
Cristao: o que crê que o Novo Testamento é um livro divinamente inspirado e admiravelmente adaptado às necessidades espirituais do vizinho. O que crê que seguir o ensinamento de Cristo não está em contradição com uma vida de pecado.
Circo: Lugar onde cavalos, póneis e elefantes observam homens, mulheres e crianças a fazerem o idiota.
Conforto: Estado mental produzido pola contemplação do malestar do vizinho.
Comércio: Tipo de transação em que A rouba a B a propriedade de C, e como compensação B rouba a D um dinheiro que pertence a E.
Consolo: Ter conhecimento de que alguém muito melhor que nós é mais desgraçado do que nós.
Corporação: engenhoso recurso para obter benefício individual sem responsabilidade individual.
Corsário: Político dos mares.

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